segunda-feira, 3 de maio de 2010

Vinhos do Centro Oeste por Edna Gomes


Eu confesso a vocês que tive uma grata surpresa quando dois amigos me apresentaram um vinho e disseram-me que teria surpresa. Experimentei e achei o vinho da uva barbera muito selvagem , complexo , estruturado que nos revela uma personalidade mas ainda verde que irá adquirir uma maior maciez daqui um ano .
Fiquei atônita quando me informaram que o vinho era produzido a 120km de Goiânia. Quis saber todas as informações e de imediato entrei em contato com o produtor.
É um entusiasta que colocou em prática o seu sonho e realizou.
Me informou orgulhoso que a partir de agora, Goiás passa a figurar na limitada lista de lugares do Brasil a produzir, com sucesso, vinhos de alta qualidade. Nossa terra possui ótimas características climáticas, que somente agora, começam a ser aproveitadas para a viticultura. Esse vinhedo se situa no nosso estado no município de cocalzinho.
Instalado em um vale cujo platô atinge até 1.180 metros de altitude acima do nível do mar, acredita-se haver condições altamente favoráveis para se produzir o que se convencionou chamar de VINHOS DE CICLO INVERTIDO , denominação esta para os vinhos elaborados a partir de uvas produzidas, não no verão, onde o clima é muito chuvoso, mas sim, no inverno, que é seco e relativamente ameno, lembrando muito o verão das clássicas regiões produtoras de vinhos no mundo.
No altiplano do Planalto Central do Brasil, nasceu, a partir de um projeto idealizado pelo Dr. Marcelo de Souza e Silva médico e somellier formado pela ABS (Associação Brasileira de Somellier) , estudou e aprofundou no conhecimento a respeito do solo e o clima.

A partir destas análises iniciou o seu trabalho no cultivo e adaptação das videiras que foram trazidas da Europa. Foi desenvolvida uma tecnologia própria no cultivo da vitis vinifera , até então inacessível para o clima de cerrado. Assim, produziu o primeiro vinho do Centro-Oeste brasileiro, batizado de INTRÉPIDO.
Um vinho verdadeiramente elaborado no cerrado, região que seguramente despontará, como uma das mais expressivas para o cultivo da videira e produção de vinhos no Brasil.Foram cultivadas cepas de origem francesa, italiana e da península ibérica, com implantação a partir do ano de 2005, culminando com a colheita da safra de 2008, onde, por mais que as videiras, ainda imaturas e em fase de formação, forneceram uma pequena amostra do potencial que uvas viníferas podem expressar no terroir do nosso Cerrado.

As uvas foram colhidas em estágio de maturação muito satisfatório e vinificadas manualmente sob condições de controle de temperatura e utilização de leveduras adequadas para se obter um vinho de qualidade.
O enólogo uruguaio Alejandro Cardozo teve papel importante de consultoria no projeto de elaboração destes primeiros vinhos, para que os mesmos pudessem demonstrar a expressão das castas cultivadas sem intervenção enológica exacerbada.
Em 2010 será construída a cantina de seus produtos onde os turistas poderão degustar os vinhos e desfrutar de das paisagens de um vinhedo.
O Dr. Marcelo coloca Goiás definitivamente no cenário vinícola brasileiro.

Foram elaboradas aproximadamente 700 garrafas da safra histórica de 2008 sendo 300 de syrah, 300 de barbera e 100 de tempranillo que estagiaram por 6 meses em barrica de carvalho americano e vem sendo apresentadas ao público Goiano, principalmente para apreciadores e colecionadores com uma receptividade bastante favorável apesar da incredulidade inicial, despertada pelo fato de que algo desta natureza pudesse ser possível em nossa região.

Estas garrafas iniciais logo não estarão disponíveis e a nova safra (2010) somente entrará no mercado no fim de 2011 com algumas novidades.

Um comentário:

Anabella Araújo disse...

Estou impressionada! Se alguém me contasse, eu não acreditaria. Não falo por não achar que Goiás pudesse prouzir algo sofisticado. as simplesmente por causa da altitute e do clima. Tô passada.
Valeu pela descoberta, Edna!